COMO ACEITAR O QUE NÃO SE CONHECE ?
Elsa Caravana Guelman.
Quando se faz uma viagem para um lugar totalmente desconhecido, pode-se ter uma grande satisfação ou uma completa insatisfação. E isso pode ocorrer por quê? Porque há pessoas que, quando vão conhecer o desconhecido, dão asas a sua imaginação. E o que vai fazer essa imaginação? Vai simplesmente transmitir ou traduzir os anseios e as preferências da pessoa para o local a ser visitado...Raramente. dá certo. Não se pode encontrar o barroco numa cidade essencialmente moderna. Daí, há frases assim: “Ëu esperava mais, fiquei decepcionada”.. O que a pessoa não entendeu é que cada lugar já está pronto, pertence e obedece a um contexto cultural, histórico, dentro de uma estrutura própria, com uma visão “em si”, independente
do desejo e da vontade do visitante. Assim, as cidades são o que são. Mas para admirá-las, realmente, deve-se encontrar nelas o fio magnético que as conduzirá à nossa emoção e aceitação. A arte, bem o sabemos, é eterna e é múltipla, satisfaz a todos os desejos e cabe em todas as manifestações culturais do mundo..
Como fazer, então? O ideal seria procurar o roteiro certo, aquele que pudesse canalizar os anseios e os desejos do visitante que está interessado em ver o que realmente gosta e não pretende ampliar a sua visão pessoal. .
Há também um outro tipo de visitante, aquele que gosta de inovar, de se defrontar com o desconhecido, nele se fundir e, numa atitude dialética, cristalizar sua vivência cultural em novos caminhos e interesses do existir.
Para este último, haverá, por descobrir, tesouros perdidos nos confins dos continentes, pois, na verdade, muita coisa existe para surpreender os que estão ávidos por descobertas.
A aceitação do que não se conhece está, portanto, intimamente ligada à personalidade e aos objetivos do viajante, ao que ele deseja ver e, em última análise, à sua percepção do universo e à sua aceitação, ou repulsa, do que lhe é estranho ou desconhecido.