As Passagens na obra de Walter Benjamin
por ELSA CARAVANA GUELMAN
As passagens parisienses, que conheceram sua idade de ouro no século XIX, seu verdadeiro ápice, foram descobertas pelos especuladores da época,os introdutores das “boutiques” que proliferaram intensa e rapidamente, impulsionadas por um comércio significativamente lucrativo.Foram elas que inspiraram a criação de uma das mais importantes obras da atualidade “PASSAGES”.
Walter Benjamin, filósofo alemão, interessou-se pelo fenômeno das “passagens parisienses” em seu apogeu. Vivia em Paris e, ao conhecer as minúcias da cidade, deparou-se com as passagens. Apreciava as galerias de estrutura metálica, cobertas por tetos de vidro e iluminadas a gás, construídas entre 1790 a 1860. Ele observava as lojas que cresciam assustadorammente e as pessoas que passeavam pelo local,em busca das novidades. Notou que as mulheres ficavam fascinadas pelas vitrines, que eram muito bem enfeitadas, arrumadas para atingir o âmago feminino, personalizando os modelos expostos. Tudo parecia um sonho, um delirio.As lojas cresciam, as mercadorias aumentavam para o contentamento dos clientes. Verificou-se, então, uma febre contagiante de tanta ansiedade. A mercadoria exposta parecia chamar as pessoas que passavam e que não conseguiam ficar indiferentes. Karl Marx denominou esse fenômeno social e psicológico, onde as mercadorias aparentam ter uma vontade independente, de Fetichismo da Mercadoria. Walter Benjamin percebeu que Paris estava vivendo a explosão capitalista. E foi essa inspiração que o incentivou a escrever sobre as passagens de Paris. Imediatamente assumiu esse projeto, comunicando-o a seus amigos, Adorno e Scholen.
Segundo Leandro Konder, Walter Benjamin “achou que valia a pena escrever todo um livro a respeito do universo espiritual que se expressava nessas galerias, um estudo que contribuiria decisivamente para uma compreensão aprofundada não só na história da França, mas da história de toda a Europa no século XIX” A idéia de escrever O trabalho das Passagens fortaleceu-se quando leu o O camponês de Paris, de Aragon e traduziu para o alemão outra obra, na qual Aragon descrevia a “Passagem da Ópera”, que fora demolida em 1924 para o alargamento de uma avenida.
As passagens parisienses sofreram grandes transformações no decorrer dos anos, chegando a um declínio quase total pelo abandono, incêndios e por se tornarem alvos das demolições em benefício do progresso. Com o surgimento dos magasins e o advento do automóvel, elas se isolaram cada vez mais e em pouco foram esquecidas. Até que o interesse de reviver o passado artístico da cidade buscou, entre as grandes manifestaçõeds culturais, as passagens adormecidas, despojadas de suas aureolas de beleza e elegância, mas que tinham intactas, além dos mistérios, os vestígios de um século esplendoroso, dando início a um movimento de renovação. Percebe-se que houve e cada vez mais se tenta uma renovação desses lugares misteriosos que são, ainda, imagens do passado numa espécie de compromisso com a cidade. Agora as passagens são visitadas por um grande público que tanto pode buscar o luxo das grifes como o lado artístico e cultural, nos livros, nas obras de arte, selos e gravuras importantes. E é preciso separar o sentido artístico e estético que existe nas passagens da busca incessante das grifes de moda que em muitas delas se instalaram. Toda atenção, entretanto, recaiu sobre as Passagens Panoramas, des Princes, Choiseul e das Galerias Véro-Dodat, Vivienne e Colbert, que estão hoje na linha da modernidade com o que há de mais expressivo para representar uma boa parte da vida cultural e social de Paris.
As Passagens na obra de Walter Benjamin
por ELSA CARAVANA GUELMAN
As passagens parisienses, que conheceram sua idade de ouro no século XIX, seu verdadeiro ápice, foram descobertas pelos especuladores da época,os introdutores das “boutiques” que proliferaram intensa e rapidamente, impulsionadas por um comércio significativamente lucrativo.Foram elas que inspiraram a criação de uma das mais importantes obras da atualidade “PASSAGES”.
Walter Benjamin, filósofo alemão, interessou-se pelo fenômeno das “passagens parisienses” em seu apogeu. Vivia em Paris e, ao conhecer as minúcias da cidade, deparou-se com as passagens. Apreciava as galerias de estrutura metálica, cobertas por tetos de vidro e iluminadas a gás, construídas entre 1790 a 1860. Ele observava as lojas que cresciam assustadorammente e as pessoas que passeavam pelo local,em busca das novidades. Notou que as mulheres ficavam fascinadas pelas vitrines, que eram muito bem enfeitadas, arrumadas para atingir o âmago feminino, personalizando os modelos expostos. Tudo parecia um sonho, um delirio.As lojas cresciam, as mercadorias aumentavam para o contentamento dos clientes. Verificou-se, então, uma febre contagiante de tanta ansiedade. A mercadoria exposta parecia chamar as pessoas que passavam e que não conseguiam ficar indiferentes. Karl Marx denominou esse fenômeno social e psicológico, onde as mercadorias aparentam ter uma vontade independente, de Fetichismo da Mercadoria. Walter Benjamin percebeu que Paris estava vivendo a explosão capitalista. E foi essa inspiração que o incentivou a escrever sobre as passagens de Paris. Imediatamente assumiu esse projeto, comunicando-o a seus amigos, Adorno e Scholen.
Segundo Leandro Konder, Walter Benjamin “achou que valia a pena escrever todo um livro a respeito do universo espiritual que se expressava nessas galerias, um estudo que contribuiria decisivamente para uma compreensão aprofundada não só na história da França, mas da história de toda a Europa no século XIX” A idéia de escrever O trabalho das Passagens fortaleceu-se quando leu o O camponês de Paris, de Aragon e traduziu para o alemão outra obra, na qual Aragon descrevia a “Passagem da Ópera”, que fora demolida em 1924 para o alargamento de uma avenida.
As passagens parisienses sofreram grandes transformações no decorrer dos anos, chegando a um declínio quase total pelo abandono, incêndios e por se tornarem alvos das demolições em benefício do progresso. Com o surgimento dos magasins e o advento do automóvel, elas se isolaram cada vez mais e em pouco foram esquecidas. Até que o interesse de reviver o passado artístico da cidade buscou, entre as grandes manifestaçõeds culturais, as passagens adormecidas, despojadas de suas aureolas de beleza e elegância, mas que tinham intactas, além dos mistérios, os vestígios de um século esplendoroso, dando início a um movimento de renovação. Percebe-se que houve e cada vez mais se tenta uma renovação desses lugares misteriosos que são, ainda, imagens do passado numa espécie de compromisso com a cidade. Agora as passagens são visitadas por um grande público que tanto pode buscar o luxo das grifes como o lado artístico e cultural, nos livros, nas obras de arte, selos e gravuras importantes. E é preciso separar o sentido artístico e estético que existe nas passagens da busca incessante das grifes de moda que em muitas delas se instalaram. Toda atenção, entretanto, recaiu sobre as Passagens Panoramas, des Princes, Choiseul e das Galerias Véro-Dodat, Vivienne e Colbert, que estão hoje na linha da modernidade com o que há de mais expressivo para representar uma boa parte da vida cultural e social de Paris.
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