quinta-feira, 26 de julho de 2012

ELSA CARAVANA GUELMAN - Marcel Proust Lanterna Mágica



ELSA CARAVANA GUELMAN       - Marcel Proust   -  LANTERNA MÁGICA




LANTERNA MÁGICA: Marcel Proust Du Côté de Chez Swann


"Em Combray, todos os dias desde o fim da tarde, muito antes do momento em que seria preciso me deitar e ficar, sem dormir, longe de minha mãe e de minha avó, o quarto de dormir se tornava o ponto fixo e doloroso de minhas preocupações. Para me distrair nas noites em que me julgavam muito infeliz, haviam inventado de me dar uma lanterna mágica, com a qual cobriam minha lâmpada, enquanto esperávamos a hora de jantar; e, à maneira dos primeiros arquitetos e mestres vidraceiros da era gótica, a lanterna substituía a opacidade das paredes por irisações impalpáveis, aparições sobrenaturais multicores, onde eram pintadas legendas como num vitral vacilante e instantâneo. Porém isso fazia aumentar ainda mais a minha tristeza, pois a mudança de iluminação destruía o hábito do meu quarto, graças ao qual, salvo o suplício de me deitar, ele se me tornava suportável. Agora, não o reconhecia mais e sentia-me inquieto, como num quarto de hotel ou de um chalé, ao qual tivesse chegado pela primeira vez ao descer de um trem. Ao passo sacudido de seu cavalo, Golo, cheio de um desígnio atroz, saía da pequena floresta triangular que aveludava de um verde sombrio a encosta de uma colina, e avançava, aos solavancos, para o castelo da infeliz Geneviève de Brabant.

Esse castelo era recortado conforme uma linha curva que era apenas o limite de uma das ovais de vidro inseridas no caixilho que deslizava à frente da lanterna. Não passava de um muro de castelo e tinha diante dele um campo aberto onde meditava Geneviève, que usava um cinto azul. O castelo e o campo eram amarelos e eu não esperava o momento de vê-los para saber a sua cor, pois, antes dos vidros do caixilho, a sonoridade vermelho-dourada do nome de Brabant mostrara-o em toda a sua evidência. Golo parava um instante para ouvir com tristeza a arenga lida em voz alta por minha tia-avó e que dava a impressão de compreender muito bem, adequando sua atitude, com uma brandura não isenta de certa majestade, às indicações do texto; depois se afastava no mesmo passo sacudido. E nada poderia deter sua lenta cavalgada. Se mexiam na lanterna, eu distinguia o cavalo de Golo que continuava a avançar sobre as cortinas da janela, inflando-se nas suas dobras, afundando-se nas suas fendas. Mesmo o corpo de Golo, de uma essência tão sobrenatural como o da sua montaria, aproveitava todo obstáculo material, todo objeto incômodo que aparecesse, para tomá-lo como ossatura e torná-lo interior, ainda que se tratasse da maçaneta da porta, à qual se adaptava logo, e onde sobrenadava invencivelmente o seu manto vermelho ou seu rosto pálido sempre tão nobre e tão melancólico, mas que não deixava transparecer qualquer inquietude por essa transverberação.

É claro que eu achava um encanto todo especial nessas brilhantes projeções que pareciam emanar de um passado merovíngio e faziam passear a meu redor tão remotos reflexos de história. No entanto, não poderia descrever que mal-estar me provocava essa irrupção de mistério e de beleza no meu quarto que eu acabara de preencher com o meu eu a ponto de não dar mais atenção a ele do que a mim mesmo. A influência anestesiante do hábito passara, e eu me punha a pensar e a sentir - coisas tão tristes. A maçaneta da porta, que para mim era diferente de todas as outras maçanetas do mundo, nisto que parecia abrir sozinha, sem que tivesse necessidade de girá-la, de tal modo se me tornara inconsciente o seu manuseio, eis que servia agora de corpo astral para Golo. E logo que chamavam para jantar, sentia pressa de correr para o refeitório onde a grande lâmpada do teto, sem saber de Golo ou de Barba-Azul, e que conhecia meus pais e o bife à caçarola, espalhava a sua luz de todas as noites; e de cair nos braços de mamãe, que as desgraças de Geneviève de Brabant me tornavam mais querida, ao passo que os crimes de Golo me faziam examinar minha própria consciência com maior escrúpulo.

Infelizmente, depois do jantar eu era logo obrigado a deixar mamãe, que ficava conversando com os outros, no jardim, se fazia bom tempo, ou na saleta onde todos se abrigavam se chovia. Todos, menos minha avó, que achava que "é uma pena ficar a gente encerrada, no campo" e que tinha discussões intermináveis com meu pai, nos dias em que chovia forte, porque ele me mandava ler no quarto ao invés de ficar de fora. "Não é assim que você vai fazê-lo robusto e enérgico", dizia ela tristemente, "principalmente este menino que precisa tanto de forças e de vontade." Meu pai dava de ombros e examinava o barômetro, pois gostava de meteorologia, enquanto minha mãe, evitando fazer barulhos para não perturbá-lo, olhava-o com respeito carinhoso, mas não fixamente para não dar a entender que buscava devassar o mistério da sua superioridade.

Quanto à minha avó, em qualquer tempo, mesmo quando a chuva caía com força e Françoise entrava com precipitação recolhendo as poltronas preciosas de vime para que não se molhassem, era vista no jardim vazio e fustigado pelo aguaceiro, levantando as mechas grisalhas e desordenadas para que sua testa melhor se embebesse da salubridade do vento e da chuva. Costumava dizer: "Enfim, respira-se!", e percorria as aléias encharcadas do jardim, muito simetricamente alinhadas para seu gosto, pelo novo jardineiro destituído do sentimento da natureza e ao qual meu pai havia perguntado desde a manhã cedinho se o tempo iria se firmar - com seu passo entusiasmado e brusco, regulado pelos diversos impulsos que em sua alma excitavam a embriaguez da tempestade, o poder da higiene, a estupidez da minha educação e a simetria dos jardins, mais que pelo desejo, que desconhecia, de evitar as manchas de lama na saia cor de ameixa e que a cobriam até uma altura que sempre faziam o desespero e o problema de sua criada de quarto.

Quando os passeios de minha avó pelo jardim aconteciam depois do jantar, uma coisa tinha o poder de fazê-la voltar logo: era - num desses momentos em que as voltas do seu passeio a levavam periodicamente, como um inseto, na direção das luzes da saleta, onde eram servidos os licores na mesinha de jogo - quando minha tia-avó lhe gritava: "Bathilde! vem ver se impedes que o teu marido beba conhaque!" Para aborrecê-la, de fato (ela trouxera à família de meu pai um espírito tão diverso que todos zombavam dela e a atormentavam), visto que os licores eram proibidos a meu avô, minha tia-avó fazia-o beber algumas gotas. Minha pobre avó entrava, implorava ao marido com ardor que não bebesse conhaque; ele se zangava, bebia apesar de tudo o seu gole, e minha avó tornava a sair, triste, desanimada, no entanto risonha, pois tinha o coração tão humilde e era tão doce que sua ternura pelos outros e a pouca importância que atribuía à própria pessoa e a seus sofrimentos conciliavam-se no seu olhar com um sorriso onde, contrariamente ao que se vê no rosto de muita gente, só era irônica consigo mesma, e era para todos nós como um beijo de seus olhos, que não podiam ver os que ela amava sem os acariciar apaixonadamente com o olhar.

Este suplício que lhe infligia a minha tia-avó, o espetáculo das súplicas baldadas de minha avó e de sua franqueza, de antemão vencida, tentando em vão tirar de meu avô o cálice de licor, era dessas coisas a cuja vista a gente se habitua mais tarde até a considerarem risos e a tomar o partido do perseguidor, resoluta e alegremente, para se persuadir que não se trata de perseguição; na ocasião, causavam-me um tal horror que me dava vontade de bater na minha tia-avó.

Porém quando ouvia: "Bathilde! vem ver se impedes que o teu marido beba conhaque!", já adulto pela covardia, eu fazia o que todos fazemos, quando somos grandes, e há diante de nós sofrimentos e injustiças: não queria vê-los; subia para soluçar lá no alto da casa, numa peça ao lado da sala de estudos, sob os telhados, uma salinha que cheirava a íris, também aromada por uma groselheira silvestre que crescia do lado de fora entre as pedras do muro e passava um ramo florido pela janela entreaberta. Destinada a uma utilidade mais especial e mais vulgar, essa peça, de onde, durante o dia, se enxergava até o torreão de Roussainville-Pin, serviu por muito tempo de refúgio para mim, sem dúvida por ser a única que me permitiam fechasse à chave, para todas as minhas ocupações que exigissem solidão inviolável: a leitura, o devaneio, as lágrimas e a volúpia. Infelizmente, eu não sabia então que, muito mais tristemente que as pequenas infrações ao regime do marido, era a minha falta de vontade, minha saúde delicada, a incerteza que elas projetavam sobre o meu futuro que preocupavam a minha avó no decurso das deambulações incessantes, de tarde e de noite, quando se via passar e repassar, obliquamente erguido contra o céu, seu belo rosto de faces morenas e enrugadas, que, com o passar do tempo, se haviam tornado quase cor de malva como as lavouras pelo outono, e que ela cobria, ao sair, com um pequeno véu semi-erguido, e nas quais, trazidas pelo frio ou algum pensamento triste, estavam sempre secando lágrimas involuntárias.

Ao subir para me deitar, meu consolo único era que mamãe fosse me beijar quando já estivesse na cama. Mas durava tão pouco isso, e ela descia tão depressa, que o momento em que a ouvia subir, e depois quando ela passava pelo corredor de porta dupla o ruído ligeiro de seu vestido de jardim, de musselina azul, com pequenos tirantes de palha trançada, era um momento doloroso.

Anunciava o que ia ocorrer a seguir, quando ela me teria deixado, quando voltasse a descer. De modo que essas boas-noites que eu amava tanto, chegava a desejar que viessem o mais tarde possível, para que se prolongasse o tempo de espera em que mamãe ainda não chegara. Às vezes, quando, depois de me haver beijado, ela abria a porta para ir embora, eu queria chamá-la, dizer-lhe "beija-me mais uma vez", mas sabia que ela logo se mostraria zangada, pois a concessão que fazia à minha tristeza e à minha agitação ao subir para me beijar, levando-me aquele beijo de paz, irritava meu pai, que julgava absurdo esse ritual, e ela, que punha tanto empenho em me fazer perder esse hábito, estava longe de deixar que adquirisse o de lhe pedir um novo beijo quando já estava à porta. Vê-la aborrecida, assim, destruía todo o sossego que ela me trouxera um momento antes, quando inclinara sobre o meu leito o rosto amoroso, ofertando-o como uma hóstia para uma comunhão de paz, em que meus lábios saboreariam a sua presença real e o poder de adormecer. Mas essas noites em que mamãe, enfim, se demorava tão pouco tempo no meu quarto eram ainda suaves em comparação com aquelas em que havia convidados para jantar, e nas quais, por causa disso, ela não subia para me dar boa-noite."

"À Combray, tous les jours dès la fin de l'après-midi, longtemps avant le moment où il faudrait me mettre au lit et rester, sans dormir, loin de ma mère et de ma grand-mère, ma chambre à coucher redevenait le point fixe et douloureux de mes préoccupations. On avait bien inventé, pour me distraire les soirs où on me trouvait l'air trop malheureux, de me donner une lanterne magique dont, en attendant l'heure du dîner, on coiffait ma lampe ; et, à l'instar des premiers architectes et maîtres verriers de l'âge gothique, elle substituait à l'opacité des murs d'impalpables irisations, de surnaturelles apparitions multicolores, où des légendes étaient dépeintes comme dans un vitrail vacillant et momentané. Mais ma tristesse n'en était qu'accrue, parce que rien que le changement d'éclairage détruisait l'habitude que j'avais de ma chambre et grâce à quoi, sauf le supplice du coucher, elle m'était devenue supportable. Maintenant je ne la reconnaissais plus et j'y étais inquiet, comme dans une chambre d'hôtel ou de « chalet », où je fusse arrivé pour la première fois en descendant de chemin de fer.
Au pas saccadé de son cheval, Golo, plein d'un affreux dessein, sortait de la petite forêt triangulaire qui veloutait d'un vert sombre la pente d'une colline, et s'avançait en tressautant vers le château de la pauvre Geneviève de Brabant. Ce château était coupé selon une ligne courbe qui n'était autre que la limite d'un des ovales de verre ménagés dans le châssis qu'on glissait entre les coulisses de la lanterne. Ce n'était qu'un pan de château et il avait devant lui une lande où rêvait Geneviève qui portait une ceinture bleue. Le château et la lande étaient jaunes et je n'avais pas attendu de les voir pour connaître leur couleur car, avant les verres du châssis, la sonorité mordorée du nom de Brabant me l'avait montrée avec évidence. Golo s'arrêtait un instant pour écouter avec tristesse le boniment lu à haute voix par ma grand-tante et qu'il avait l'air de comprendre parfaitement, conformant son attitude avec une docilité qui n'excluait pas une certaine majesté, aux indications du texte ; puis il s'éloignait du même pas saccadé. Et rien ne pouvait arrêter sa lente chevauchée. Si on bougeait la lanterne, je distinguais le cheval de Golo qui continuait à s'avancer sur les rideaux de la fenêtre, se bombant de leurs plis, descendant dans leurs fentes. Le corps de Golo lui-même, d'une essence aussi surnaturelle que celui de sa monture, s'arrangeait de tout obstacle matériel, de tout objet gênant qu'il rencontrait en le prenant comme ossature et en se le rendant intérieur, fût-ce le bouton de la porte sur lequel s'adaptait aussitôt et surnageait invinciblement sa robe rouge ou sa figure pâle toujours aussi noble et aussi mélancolique, mais qui ne laissait paraître aucun trouble de cette transvertébration.
Certes je leur trouvais du charme à ces brillantes projections qui semblaient émaner d'un passé mérovingien et promenaient autour de moi des reflets d'histoire si anciens. Mais je ne peux dire quel malaise me causait pourtant cette intrusion du mystère et de la beauté dans une chambre que j'avais fini par remplir de mon moi au point de ne pas faire plus attention à elle qu'à lui-même. L'influence anesthésiante de l'habitude ayant cessé, je me mettais à penser, à sentir, choses si tristes. Ce bouton de la porte de ma chambre, qui différait pour moi de tous les autres boutons de porte du monde en ceci qu'il semblait ouvrir tout seul, sans que j'eusse besoin de le tourner, tant le maniement m'en était devenu inconscient, le voilà qui servait maintenant de corps astral à Golo. Et dès qu'on sonnait le dîner, j'avais hâte de courir à la salle à manger où la grosse lampe de la suspension, ignorante de Golo et de Barbe-Bleue, et qui connaissait mes parents et le boeuf à la casserole, donnait sa lumière de tous les soirs ; et de tomber dans les bras de maman que les malheurs de Geneviève de Brabant me rendaient plus chère, tandis que les crimes de Golo me faisaient examiner ma propre conscience avec plus de scrupules."
h


ELSA  CARAVANA GUELMAN
http://www.youtube.com/watch?v=6Y19U5zywoo
COMBRAY Museu Marcel Proust
Parte superior do formulário




·                                  
o                                                         
SOMMEILS : Le cabinet sentant l´iris.        Contre Sainte-Beuve

« Mais à douze ans, quand j’allais m’enfermer pour la première fois dans le cabinet qui était en haut de notre maison à Combray, où les colliers de graines d’iris étaient suspendus, ce que je venais chercher, c’était un plaisir inconnu, original, qui n’était pas la substitution d’un autre. C’était pour un cabinet une très grande pièce. Elle fermait parfaitement à clef, mais la fenêtre en était toujours ouverte, laissant passage à un jeune lilas qui avait poussé sur le mur extérieur et avait passé par l’entrebâillement sa tête odorante. Si haut (dans les combles du château), j’étais absolumentseul, mais cette apparence d’être en plein air ajoutaitun trouble délicieux au sentiment de sécurité que de solides verrous donnaient à ma solitude. L’exploration que je fis alors en moi-même, à la recherche d’un plaisir que je ne connaissais pas, ne m’aurait pas donné plus d’émoi, plus d’effroi s’il s’était agi pour moi de pratiquer à même ma moelle et mon cerveau une opération chirurgicale. À tout moment je croyais que j’allais mourir. Mais que m’importait ! ma pensée exaltée par le plaisir sentait bien qu’elle était plus vaste, plus puissante que cet univers que j’apercevais au loin par la fenêtre, dans l’immensité et l’éternité duquel je pensais en temps habituel avec tristesse que je n’étais qu’une parcelle éphémère. En ce moment, aussi loin que les nuages s’arrondissaient au-dessus de la forêt, je sentais que mon esprit allait encore un peu plus loin, n’était pas entièrement rempli par elle, laissait une petite marge encore. Je sentais mon regard puissant dans mes prunelles porter comme de simples re$ets sans réalité les belles collines bombées qui s’élevaient comme des seins des deux côtés du fleuve. Tout cela reposait sur moi, j’étais plus que tout cela, je ne pouvais mourir. Je repris haleine un instant ; pour m’asseoir sur le siège sans être dérangé par le soleil qui le chauffait, je lui dis : « Ôte-toi de là, mon petit, que je m’y mette » et je tirai le rideau de la fenêtre, mais la branche du lilas l’empêchait de fermer. Enfin s’éleva un jet d’opale, par élans successifs, comme au moment où s’élance le jet d’eau de Saint-Cloud, que nous pouvons reconnaître – car dans l’écoulement incessant de ses eaux, il a son individualité que dessine gracieusement sa courbe résistante – dans le portrait qu’en a laissé Hubert Robert, alors seulement que la foule qui l’admirait avait des... qui font dans le tableau du vieux maître de petites valves roses, vermillonnées ou noires.
À ce moment, je sentis comme une tendresse qui m’entourait. C’était l’odeur du lilas, que dans mon exaltation j’avais cessé de percevoir et qui venait à moi. Mais une odeur âcre, une odeur de sève s’y mêlait, comme si j’eusse cassé la branche. J’avais seulement laissé sur la feuille une trace argentée et naturelle, comme fait le fil de la Vierge ou le colimaçon.
Mais sur cette branche il m’apparaissait comme le fruit défendu sur l’arbre du mal. Et comme les peuples qui donnent à leurs divinités des formes inorganisées, ce fut sous l’apparence de ce fil d’argent qu’on pouvait tendre presque indéfiniment sans le voir finir, et que je devais tirer de moi-même en allant tout au rebours de ma vie naturelle, que je me représentai dès lors pour quelque temps le diable. »

« Malgré cette odeur de branche cassée, de linge mouillé, ce qui surnageait, c’était la tendre odeur des lilas. Elle venait à moi comme tous les jours, quand j’allais jouer au parc situé hors de la ville, bien avant même d’avoir aperçu de loin la porte blanche près de laquelle ils balançaient, comme des vieilles dames bien faites et maniérées, leur taille flexible, leur tête emplumée, l’odeur des lilas venait au-devant de nous, nous souhaitait la bienvenue sur le petit chemin qui longe en contre-haut la rivière, là où des bouteilles sont mises par des gamins dans le courant pour prendre le poisson, donnant une double idée de fraîcheur, parce qu’elles ne contiennent pas seulement de l’eau, comme sur une table où elles lui donnent l’air du cristal, mais sont contenues par elle et en reçoivent une sorte de liquidité, là où, autour des petites boules de pain que nous jetions, s’aggloméraient en une nébuleuse vivante les têtards, tous en dissolution dans l’eau et invisibles l’instant d’avant, un peu avant de passer le petit pont de bois dans l’encoignure duquel, à la belle maison, un pêcheur en chapeau de paille avait poussé entre les pruniers bleus. Il saluait mon oncle qui devait le connaître et nous faisait signe de ne pas faire de bruit. Mais pourtant je n’ai jamais su qui c’était, je ne l’ai jamais rencontré dans la ville et tandis que même le chanteur, le suisse et les enfants de choeur avaient, comme les dieux de l’Olympe, une existence moins glorieuse où j’avais affaire à eux, comme maréchal-ferrant, crémier et fils de l’épicière, en revanche, comme je n’ai jamais vu que jardinant le petit jardinier en stuc qu’il y avait dans le jardin du notaire, je n’ai jamais vu le pêcheur que pêchant, à la saison où le chemin s’était touffu de feuilles des pruniers, de sa veste d’alpaga et de son chapeau de paille, à l’heure où même les cloches et les nuages flânent avec désoeuvrement dans le ciel vide, où les carpes ne peuvent plus soutenir l’ennui
de l’heure, et dans un étouffement nerveux sautent passionnément en l’air dans l’inconnu, où les gouvernantes regardent leur montre pour dire qu’il n’est pas encore l’heure de goûter. »
o                                                         
 Le petit cabinet sentant l´iris - Le Donjon de Roussainville. Chapitre 2 - COMBRAY - DU CÔTÉ DE CHEZ SWANN
 “Hélas, c’était en vain que j’implorais le donjon de Roussainville, que je lui demandais de faire venir auprès de moi quelque enfant de son village, comme au seul confident que j’avais eu de mes premiers désirs, quand au haut de notre maison de Combray, dans le petit cabinet sentant l’iris, je ne voyais que sa tour au milieu du carreau de la fenêtre entr’ouverte, pendant qu’avec les hésitations héroïques du voyageur qui entreprend une exploration ou du désespéré qui se suicide, défaillant, je me frayais en moi-même une route inconnue et que je croyais mortelle, jusqu’au moment où une trace naturelle comme celle d’un colimaçon s’ajoutait aux feuilles du cassis sauvage qui se penchaient jusqu’à moi. En vain je suppliais maintenant. En vain, tenant l’étendue dans le champ de ma vision, je la drainais de mes regards qui eussent voulu en ramener une femme. Je pouvais aller jusqu’au porche de Saint-André-des-Champs ; jamais ne s’y trouvait la paysanne que je n’eusse pas manqué d’y rencontrer si j’avais été avec mon grand-père et dans l’impossibilité de lier conversation avec elle. Je fixais indéfiniment le tronc d’un arbre lointain, de derrière lequel elle allait surgir et venir à moi ; l’horizon scruté restait désert, la nuit tombait, c’était sans espoir que mon attention s’attachait, comme pour aspirer les créatures qu’ils pouvaient recéler, à ce sol stérile, à cette terre épuisée ; et ce n’était plus d’allégresse, c’était de rage que je frappais les arbres du bois de Roussainville d’entre lesquels ne sortait pas plus d’êtres vivants que s´ils eussent été des arbres peints sur la toile d´un panorama, quand, ne pouvant me résigner à rentrer à la maison avant d´avoir serré dans mes bras la femme que j´avais tant desirée, j´étais pourtant obligé de reprendre le chemin de Combray en m´avouant à moi-même qu´était de moins en moins problabe le hasard qui l´eût mise sur mon chemin.”
o                                                         
 Une petite pièce sentant l´iris - Chapitre 1 - COMBRAY - Du Côté de Chez Swann –
 “..Je montais sangloter tout en haut de la maison à côté de la salle d’études, sous les toits, dans une petite pièce sentant l’iris, et que parfumait aussi un cassis sauvage poussé au-dehors entre les pierres de la muraille et qui passait une branche de fleurs par la fenêtre entrouverte. Destinée à un usage plus spécial et plus vulgaire, cette pièce, d’où l’on voyait pendant le jour jusqu’au donjon de Roussainville-le-Pin, servit longtemps de refuge pour moi, sans doute parce qu’elle était la seule qu’il me fût permis de fermer à clef, à toutes celles de mes occupations qui réclamaient une inviolable solitude : la lecture, la rêverie, les larmes et la volupté. Hélas! je ne savais pas que, bien plus tristement que les petits écarts de régime de son mari, mon manque de volonté , ma sante délicate, l´incertitude qu´ils projetaient sur mon avenir, préoccupaient ma grande-mère au cours de ces déambulations incessantes, de l´après-midi et du soir, où on voyait passer et repasser, obliquement levé vers le ciel, son beau visage aux joues brunes et sillonnés, devenues au retour de l´âge presque mauves comme les labours à l´automne, barrés, si elle sortait, par une voilette à demi relevée, et sur lesquelles, amené là par le froid ou quelque triste pensée, était toujours en train de sécher un pleur involontaire.”
Parte inferior do formulário

quarta-feira, 4 de julho de 2012

JORGE LUIS BORGES: LA FORMA DE LA ESPADA


Foto:pt.encydia.com

JORGE LUIS BORGES: LA FORMA DE LA ESPADA.     -      FICÇÕES

"Acaso Schopenhauer tiene razón: yo soy los otros, cualquier hombre es todos los hombres, Shakespeare es de algún modo el miserable John Vincent Moon."