quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

André Breton

Foto:editora.cosacnaify.com.br ----- André Breton, fundador do Surrealista, publicou ARCANO 17, um verdadeiro poema em prosa, em 1944, quando Paris se libertou da ocupação nazista.

Eis um pequeno trecho:
" Melusina depois do grito... O lago cintila, é um anel e é sempre todo o mar passando através do anel do Doge, pois é necessário que, essa aliança, todo o universo perceptível a consagre e que nada mais possa fazer com que ela seja rompida. Melusina abaixo do busto se doura de todos os reflexos do Sol sobre a folhagem do outono. As serpentes de suas pernas dançam de acordo com o tamborim, os peixes de suas pernas mergulham e suas cabeças reaparecem em outros lugares como que suspensas às palavras desse santo que as pregava no miosótis, os pássaros de suas pernas erguem sobre ela a rede aérea. Melusina quase inteiramente envolvida outra vez pela vida pânica, Melusina com grilhões inferiores de pedras ou de plantas aquáticas ou de penugem de ninho, é ela que invoco, eu não vejo ninguém além dela que possa redimir esta época selvagem. É a mulher por inteiro e no entanto a mulher tal como ela é hoje em dia, a mulher privada da sua posição humana, prisioneira das suas raízes mutáveis tanto quanto se queira, mas também por elas em comunicação providencial com as forças elementares da natureza. A mulher privada da sua posição humana, a lenda assim o quer, pela impaciência e pelo ciúme do homem. Essa posição, apenas uma longa meditação do homem sobre o seu erro, uma longa penitência proporcional à desventura que resultou daí, pode devolvê-lo a ela. Pois Melusina, antes e depois da metamorfose, é Melusina." pg. 49. Brasiliense.

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